Recursos expressivos

    

Figuras de estilo/ Recursos estilísticos

 

Aliteração

Repetição de sons consonânticos para sugerir certos ruídos, barulhos (como os do vento, da água, da guerra…).

Ex: "(...) Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos violões, vozes veladas / Vagam nos velhos vórtices velozes / Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas." Cruz e Souza

Assonância

Repetição intencional de sons vocálicos.Ex: (A, O) - "Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral." (Caetano Veloso)
(E, O) - "O que o vago e incóngnito desejo de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa

Comparação

 

aproximação de uma ideia ou realidade com outras mais expressivas, normalmente por meio da partícula “como”, com o intuito de realçar semelhanças e levar a uma melhor compreensão do primeiro termo. Ex. “bonita como o sol”

Enumeração

figura de estilo que consiste na sucessão de elementos

Hipálage

figura que consiste na atribuição a um objecto de uma característica que, na verdade, pertence a outro com o qual está relacionado. Ou seja, verifica-se quando o adjectivo qualificativo pertence a um ser ou objecto e é atribuído a outro. Ex. “fumando um pensativo cigarro”; “tentou todavia uma garfada tímida

Metáfora

comparação feita entre dois elementos devido à semelhança entre si, feita sem conectivos. Ex. “Cabelos de oiro”

Analepse

(Signo técnico-narrativo.)

– entende-se por analepse todo o movimento temporal retrospectivo destinado a relatar eventos anteriores ao presente da acção e mesmo, em alguns casos, anteriores ao seu início. Em suma, ocorre sempre que o narrador interrompe o seu discurso para falar de um facto passado

Polissemia

palavras que possuem vários significados consoante o contexto em que se inserem.

Onomatopéia

 

Criação de uma palavra para imitar um som.Ex: A língua do nhem "Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / Pois dava a sua vida / Para falar com alguém. / E estava sempre em casa / A boa velhinha, / Resmungando sozinha: / Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem..." (Cecília Meireles)

Elipse

 

Omissão de um termo ou expressão facilmente subentendida.

Casos mais comuns:

Ex: pronome sujeito, gerando sujeito oculto ou implícito: iremos depois, compraríeis a casa?

Pleonasmo

 

Repetição de um termo já expresso, com objectivo de enfatizar a ideia.

Ex: Vi com meus próprios olhos. "E rir meu riso e derramar meu pranto / Ao seu pesar ou seu contentamento." (Vinicius de Moraes)

Assíndeto

Ausência de conectivos de ligação, assim atribui maior rapidez ao texto. Ocorre muito nas orações coordenadas.

Polissíndeto

 

Repetição de conectivos na ligação entre elementos da frase ou do período.

Ex: O menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e maltrata. "E sob as ondas ritmadas / e sob as nuvens e os ventos / e sob as pontes e sob o sarcasmo / e sob a gosma e o vômito (...)" (Carlos Drummond de Andrade)

Anáfora

 

Repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.

Ex: "Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota que falta” (Chico Buarque)

Sinestesia

 

Consiste na fusão de percepções relativas a diferentes sentidos:

Ex: (...) água de que se exala um hálito verde envolvido nas ondas.

Raul Brandão, Os Pescadores (sentidos do olfacto [hálito] e da vista [cor verde]).

Antítese

 

Aproximação de termos ou frases que se opõem pelo sentido.

Ex: "Aquela triste e leda madrugada” (Camões)

Eufemismo

 

Consiste em "suavizar" alguma ideia desagradável

Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (roubou), Você não foi feliz nos exames. (foi reprovado)

Paradoxo

Consiste em aplicar a uma mesma realidade termos inconciliáveis, destacando assim a sua complexidade (relação de contraditórios). Ideias contraditórias num só pensamento.

Ex: "dor que desatina sem doer" (Camões)

Hipérbole

 

Exagero de uma ideia com finalidade expressiva.

Ex: Estou morrendo de sede (estou com muita sede).

Ironia

 

utilização de termo com sentido oposto ao original, obtendo-se, assim, valor irónico.

Gradação

 

Consiste na apresentação de vários elementos segundo uma ordem crescente ou decrescente.

Ex: "Nada fazes, nada tramas, nada pensas que eu não saiba, que eu não veja, que eu não conheça perfeitamente."

Personificação

É a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais e inanimados

Ex: o cão conversava comigo.

Interrogação

É uma figura de estilo quando não pretende obter uma resposta, mas sim tornar mais vivo o pensamento através da expectativa que suscita.

Ex: “Este inferno de amar — como eu amo! — Quem mo pôs aqui n'alma.. quem foi? Esta chama que alenta e consome,/ Que é a vida — e que a vida destrói/ como é que se veio a atear,/ Quando — ai quando se há-de ela apagar?” (Almeida Garrett, Folhas Caídas)

Paralelismo

Consiste na repetição da mesma estrutura frásica.

Ex: “Foi ritmo nos meus versos de paixão,

Foi graça no meu peito de descrente.” (Florbela Espanca)

Exclamação

É uma figura de estilo quando visa dar ênfase e criar um estado mais profundamente emocionado.

Ex: Castelos doidos! Tão cedo caístes!.../ Onde vamos, alheio o pensamento,/ De mãos dadas? Teus olhos, que um momento/ Perscrutaram nos meus, como vão tristes! (Camilo Pessanha, Clepsidra)